Palestra apresentada pelo revdo. Morôni Azevedo de Vasconcellos, no dia 07/03/2020 na Paróquia Bom Jesus (Diocese Anglicana do Rio de Janeiro - Igreja Episcopal Anglicana do Brasil)
Para entendermos a mística cristã e a sua relação com as
escrituras, primeiramente precisamos entender o que é a mística ou
misticismo (a eventual diferenciação entre as palavras é bem
polêmica) e quais foram as influências, nem sempre tão conhecidas,
de outras místicas no cristianismo.
O Judaísmo já possuia uma forte tradição mística, que não só
permeia diversas correntes (sendo inclusive a base de algumas como o
chassidismo), como também não é raro que faça parte do currículo
de formação rabínica, sendo mais presente até do que a mística
cristã nos currículos de teologia cristã. Essa mística judaica é
chamada de Cabala (que pode ser traduzida por Tradição, aquilo que
é recebido) e ficou tão popular a ponto de a tradicional Cabala
Judaica ter dado origem a chamada Cabala Hermética (adotada por
muitos grupos esotéricos), Cabala Cristã (especialmente
desenvolvida no período renascentista e verdadeira febre entre
protestantes alemães no período conhecido historicamente como
“iluminismo rosacruz”) e até a Cabala “universalista” após
o Rabino Yehuda Ashlag (O Baal Ha-Sulam) que permeia muitos grupos
como Kabbalah Centre, Portal da Cabala, Kabbalah Society e outros.
O ser místico é algo que apesar de encontrar pontos de contato em
todas as místicas das diversas religiões, nunca é algo uniforme e
portanto na Cabala judaica encontramos diversas correntes internas
(Cabala Luriânica, Cabala Toledana, Cabala Profética ou extática,
etc), algo semelhante ocorre na mística cristã e nós veremos isso
ao longo do estudo.
Há uma confusão muito grande quando se fala em algo místico,
muitas vezes as pessoas pensam em magia, poderes psiquícos, rituais
exóticos, porém a via mística também pode ser chamada de via do
coração e efetivamente está muito longe disso tudo, até mesmo dos
ritualismos mais elementares das religiões. Geralmente, o caminho
místico perpassa um certo quietismo, uma postura introspectiva de
olhar para a presença de Deus dentro de si, mas também para a
contemplação de Deus em toda a sua criação. Como dizem os
místicos Sufi:
Oh Deus, eu nunca ouço o grito
dos animais ou o farfalhar das árvores ou o urmurejar das águas ou
o chilrear de pássaros ou o vento uivante ou o urro do trovão sem
senti-los como evidência de Tua unidade e prova de que nada há como
tu (NICHOLSON, 2003, p. 10)
É por isso que em muitos aspectos, o misticismo é relativamente
similar nas diversas tradições. Quem ao ler o trecho sufi acima não
associa com o famoso cântico gospel (repleto de conteúdo místico):
Quão Grande és tu (Grandioso és tu em algumas
traduções). O cântico dos 3 jovens da fornalha, que cantaremos na
oração de Taizé, também apresenta essa visão mística, os salmos
então nem se fala: “Louvem o SENHOR, todas as suas criaturas, em
todo lugar onde ele reina! Que todo o meu ser te louve, ó SENHOR!”
(Salmo 103:22).
Apesar de etimologicamente a palavra mistério estar relacionada,
com Nicholson (2003, p.8) apontando seu significado original como
“lábios selados por mistérios sagrados, olhos fechados pelo
êxtase visionário”. Uma boa formulação do termo foi dada por
STEWART (2007, p. 34):
É imperativo que,
primeiramente, percebamos que misticismo é simplesmente uma doutrina
que afirma que o conhecimento da Unidade onipotente pode ser
adquirido através da experiência direta. A experiência mística é,
então, um conhecimento individual da Essência, da Fonte ou de Deus.
Como resultado, o misticismo trata somente da Ontologia (o estudo da
natureza do Ser). Ele não lida com projeção astral, telepatia ou
qualquer outra forma de experiência psíquica.
Religião do coração,
contemplação, busca interior, reconhecer a imanência de Deus tanto
quanto a transcendência, são formas de se falar da experiência
mística. Como diz o revdo. William Law (2017, p.24-25):
Pobre pecador! Considere o
tesouro que você tem dentro de você: o Salvador do mundo, a Palavra
eterna de Deus está oculta em seu ser, como uma faísca da natureza
divina que acabará vencendo o pecado, morte e o inferno dentro de
você para voltar a gerar em sua alma a Vida do Céu. Volte seu olhar
para seu coração, e seu coração encontrará seu Salvador, seu
Deus, em seu próprio interior. Você não vê, ouve nem sente nada
de Deus porque busca fora com seus olhos externos; o busca no livro,
em controvérsias, no templo e em exercícios exteriores, porém aí
não o encontrará; Busque-o em seu coração, e nunca buscará em
vão, pois aí mora, aí está a sede de sua Luz e de seu Espírito.
Breves notas sobre a história da mística cristã
Nós temos diversas místicas cristãs se desenvolvendo ao longo da
sua história, os pais do deserto eram extremamente místicos em suas
vidas. Na idade média vemos o desabrochar de grandes místicos da
igreja nas ordens monásticas, sendo o período em que grandes
místicos que vão influenciar as diversas gerações seguintes vão
surgir: Raimundo Lúlio, Tomás Kempis, Francisco de Assis, Bento de
Núrsia, etc.
Com a separação da Igreja do Oriente e do Ocidente, é notável
que a Igreja do Oriente ficou bem mais mística em suas concepções
e ritos enquanto a Igreja do Ocidente se tornou bem mais
racional/filosófica (Aliás, o conflito/dialética entre filosofia
racional x mística já remonta o judaísmo com Maimônides e outros
filósofos x Moshe Cordovero e outros cabalistas)
Então, no renascimento, a Igreja do ocidente se rompe novamente com
o surgimento do protestantismo. O misticismo florecerá
abundantemente em ambas, com a retomada não só dos clássicos
gregos, mas também a cabala judaica permeará por grandes nomes
católicos (Pico Della Mirandola, Reuchlin, ...) e protestantes
(Andreas, John Dee, Boehme, Francis Bacon, …). O próprio Martinho
Lutero foi um homem profundamente místico, como era de se esperar
por sua formação monástica.
O luterano Jacob Boehme foi uma grande influência para o clérigo
anglicano, revdo. William Law, e para os pietistas alemães
(especialmente os pietistas mais radicais). Por sua vez, tanto o
pietismo alemão (através da Igreja Morávia) quanto o Revdo.
William Law foram decisivos na formação do revdo. John Wesley, que
por sua vez, iniciou o movimento metodista (não a Igreja Metodista,
pois Wesley se manteve anglicano até o fim e pretendia com o
movimento metodista despertar essa espiritualidade profunda no
anglicanismo da época), que por sua vez foi de grande influência
para os pentecostais. O pentecostalismo clássico, possui em suas
raízes um forte misticismo não é atoa.
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Ilustração: Vasconcellos (2017, p. 78) |
Boehme também foi influência decisiva em
outros movimentos como no rosacrucianismo, martinismo e outros grupos
místicos de origem cristã, embora hoje tenham seus títulos usados
por grupos que se desconectaram do cristianismo.
Voltando um pouco no pietismo,
esse movimento alemão foi um movimento multiforme que nasceu como
uma tentativa de resgatar essa mística cristã, mesmo que nem sempre
usasse esse nome. A sua versão inglesa é o metodismo. Não era um
movimento anti-intelectual, mas recusava a religião meramente formal
e a ideia de que a teologia se baseia não na busca pela doutrina
mais perfeita e sim pela vivência real do amor de Cristo.
“Demonstramos ser cristãos e teólogos muito mais através da fé,
da vida santa e do amor a Deus e ao próximo, do que através da
astúcia e das sutilezas das polêmicas.” (SPENER, 1996, p. 114).
Uma curiosa “contradição” é que é inegável em como os
pietistas eram zelosos em suas vidas, por outro lado, não raro
alertavam para o risco da soberba, do se encher demais pelo rigorismo
doutrinário ou por involutariamente cair na salvação pelas obras e
portanto a fé só era possível se nos entregarmos a Deus.
No anglicanismo, foi criado um método de investigação das
verdades religiosas chamados de Tripé de Hooker, em homenagem ao seu
criador o revdo. Richard Hooker. O tripé e formado por Escritura,
Tradição e Razão. Note que Tradição aí são os escritos dos
grandes cristãos do passado, não podemos deixar de lembrar que uma
possível tradução para Cabala seria tradição e de fato a mística
cristã está muito presente nos escritos dos grandes santos. Porém,
o rev. John Wesley ampliou o tripé, o Quadrilátero Wesleyano passa
a incluir a experiência que nada mais é do que a experiência
pessoal com Deus ou, mais ainda, a experiência mística.
Leitura mística
Swedenborg (2008) falará de 4 estilos da escritura, sendo o
primeiro o espiritual, o segundo o sentido histórico, o terceiro
profético e o quarto sendo o usado pelos salmos de Davi (que fica
entre os dois anteriores e que trata da pessoa interior). O autor
ainda atribui ao desconhecimento do sentido espiritual a falta de
compreensão sobre o Apocalipse e outros textos das escrituras. Sobre
o primeiro, o espiritual ele diz nas páginas 69 e 70:
Em geral, no Verbo, há quatro
estilos diferentes. O primeiro era empregado na Igreja mais antiga.
Sua maneira de se expressar era tal que, quando mencionavam coisas
terrenas e mundanas, pensavam nas coisas representativas, mas as
combinavam numa espécie de séries históricas para lhes atribuir
mais interesse e animação. [...] Estas coisas representativas em
Davi se chamam enigmas da antiguidade” (Sl 78.2). Moisés possuia
os enigmas sobre a criação, o jardim do Éden etc., até o tempo de
Abraão, descendentes da Igreja mais antiga.
Um exemplo disso é quando pensamos na história do
povo hebreu escravo do Faraó no Egito, ela pode ser entendida no
segundo sentido (histórico) lembrando a situação de opressão que
o povo vivia nas mãos de um rei e uma sociedade opressora,
precisando da libertação e essa é bem lembrada pela Teologia da
Libertação. Pode nos lembrar do sentido profético sobre a denúncia
dos males cometidos pelo Egito (e cometidos até hoje em tanto povos)
mas apontando a libertação futura para a qual o messias conduziria
o seu rebanho, nos salmos há uma mistura de elementos históricos e
espirituais. Porém, o Egito pode se entendido de forma espiritual,
como uma realidade interior também e não apenas uma realidade
exterior.
O
primeiro nível de realidade chama-se EGITO. Na língua hebraica,
original do texto bíblico, a palavra Egito é lida como Miztraim,
que pode ser traduzida como estreitamento. Essa é aa dimensão da
escravidão, na qual você não consegue ampliar a sua consciência
por ficar aprisionado pela visão do aparente. (MECLER, 2007, p.119)
Outro exemplo de como o místico olha as escrituras é
a famosa passagem da luta entre Jacó e o Anjo. Em um entendimento
místico, ali vemos não uma luta real com um anjo, mas a
contemplação e oração, a busca pela proximidade tão intensa com
Deus que se está embolado como numa luta, ao mesmo tempo que uma
verdadeira luta interna se desenrola em nós. Todos os elementos da
criatura são entendidos como ocorrendo dentro de nós:
Não há nenhum inferno situado
em algum lugar remoto, nenhum demônio que esteja separado de você,
nenhuma escuridão ou dor que não esteja dentro de você, nenhum
Anticristo em Roma nem na Inglaterra, nenhuma fera furiosa, nenhum
dragão de fogo fora ou à parte de você, que possam fazer dano
algum em você. Faça morrer este eu, esta natureza interna, e então
haverá vencido todos os inimigos exteriores. (LAW, 2017, p. 61)
Os místicos muitas vezes entendem o mal e seus
demônios como criaturas de Deus que, porém, não quiseram receber a
luz e misericórdia de Deus, ficando apenas nas sombras do contraste
criado para que se enxergue a luz. Boehme considerará que Lucífer
por inveja não quis aceitar a luz e amor de Cristo, ficando apenas
no Sem Fundo e rigor do Pai, portanto ele está na lei e no
julgamento e não na graça.
Nenhuma das virtudes e nenhum
dos atributos divinos podem ser isolados e idolatrados. Apenas o
equilíbrio de sua reunião representa a perfeição. Como tal, nem a
verdade – sozinha – é um critério absoluto. Lendo Lutero (De
Servo Arbítrio) convenço-me ainda mais disto e lembra-me o aforismo
de Pascal: “Até da verdade podes fazer um ídolo, pois que a
verdade sem amor não é Deus, mas figura dele, e ao ídolo não
convém amares nem te prostrates (STEINHARDT, 2009, p.375)
Os judeus cabalistas vão reconhecer que o Julgamento e
a Misericóridia são divinos, porém quando se usa do julgamento sem
a misericórdia se gera o mau. Por isso, é importante que para
lermos as escrituras tentemos nos revestir do amor de Cristo, amar
como Ele ama (o mandamento que Ele nos deixou). A letra mata e o
espírito vivifica, se lermos a Bíblia sem amor, teremos uma
interpretação diabólica (e o diabo usou a letra das escrituras
para tentar Jesus, que com amor teve a plena compreensão do
ensinamento):
Se estiver no amor de Deus,
contemplará e sentirá Deus no amor. Porém, se tiver aprisionado a
si mesmo na cólera de Deus, só poderá contemplar Deus na Natureza
colérica, só poderá percebê-Lo como um espírito irado e
vingativo. E se está no amor de Deus, todos os lugares são iguais
para ele; se não está nesse amor de Deus, todos os lugares são
iguais para ele; se não está nesse amor, todo lugar é um inferno
para ele. (BOEHME, 2011, p.111)
A mística, a interpretação profunda, geralmente
vinha para explicar aquilo que não era muito claro, ou para dar uma
razão para o que não possuia. Os judeus por exemplo, possuiam
mandamentos completamente racionais e fáceis de compreender o
motivos de sua existência, porém, outros mandamentos não possuiam
qualquer explicação razoável, portanto cabia aos místicos
buscarem uma justificativa para tal. Um exemplo é o da circuncisão,
o qual os judeus que associavam o pênis com a sefira de Iessod,
entendiam que o prepúcio era uma espécie de casca (e as cascas são
vistas como algo ruim na tradição mística judaica, algo que impede
que a verdade apareça). Portanto, retirar a casca (prepúcio) é
fazer o órgão (e a sefira associada a ele) revelar sua plenitude
espiritual.
A
luta em vida dos mestres (Tsadikim)
é a de liberar a vitalidade contina nas centelhas aprisionadas em
meio a carapaças (cascas/klipot)
que atrapalham o fluxo de recebimentos. Seu esforço é de liberar
apenas energias vitais maduiras, numa troca ou recebimento sadio. […]
Em certos grupos, este conceito bíblico é aplicado para explicar as
razões místicas para a circuncisão. O prepúcio, removido pelos
judeus através da circuncisão, é uma membrana que envolve o pênis
e que também tem o nome de orlá. Oara estes grupos, tal
coincidência não é casual, visto que consideram o pênis como o
veículo de um dos maiores segredos de concentração vital desta
dimensão – o sêmen. (BONDER, 2010, p. 35)
A ideia de que algo não é dito nas escrituras (ou nos
escritos dos grandes santos) sem razão é jusatamente o impulso para
a busca da razão naquilo que não demonstra ter e que com a mera
especulação ou investigação intelectual não é possível
compreender. Os cristãos, como outros místicos, buscaram na
humildade e no cultivo interior (no cultivo do coração) compreender
pela fé e pela experiência direta com Deus, aquilo que a mente não
conseguia:
De vários modos nos fala Deus,
sem acepção de pessoas. A nossa curiosidade nos embaraça, muitas
vezes, na leitura das escrituras, porque queremos compreender e
discutir o que se devia passar singelamente. Se queres tirar
proveito, lê com humildade, simplicidade e fé, sem cuidar jamais do
renome de letrado. Pergunta de Boa Vontade e ouve calado as palavras
dos santos; nem te desagradem as sentenças dos velhos, porque eles
não falam sem razão. (KEMPIS, 2011, p.28)
Porém, mais do que
mero legitimador, a experiência mística é um chamado a mergulhar
de com o corpo inteiro e sentir, experimentar realmente as escrituras
de uma forma que não é possível com a mera racionalidade ou com a
fé e obediência cegas, é pensar com a poesia do coração. A
experiência mística alguns chamam de iniciação rara, ou
simplesmente conversão. A iniciação cristã se dá com o batismo e
se “conclui” com a confirmação/crisma nas igrejas litúrgicas
, porém se ali você se torna “formalmente cristão” é no
contato místico que há a iniciação mais profunda.
A iniciação rara é o objetivo
que todos nós deveríamos ter, é quando a iniciação também se
torna em conversão. É o estalo do Espírito Santo em nós, nos
transformando. Temos muitas iniciações raras na história cristã:
São Thomas Becket, um nobre devasso que foi escolhido pelo rei
Henrique II para se tornar Arcebispo de Cantuária (principal bispo
da Inglaterra) e que ao ser ordenado mudou radicalmente de vida, se
tornou um cristão piedoso e penitente, criou inimizade com o rei e
foi assassinado por ele. A ordenação de Becket foi uma iniciação
rara. O rev. John Wesley já era clérigo anglicano, já havia
participado de trabalhos missionários, mas só quando esteve em uma
reunião da Igreja Morávia é que sentiu o seu coração aquecido e
foi transformado pelo Espírito Santo, a iniciação rara de Wesley
(2009) ocorreu ali no momento em que ouvia as explicações de Lutero
sobre a carta de São Paulo aos Romanos. (VASCONCELLOS, 2017, p.
31-32)
A mística está mais próxima do que imaginamos.
É curioso que muitas vezes, até aquele que não se
identifica com uma visão mística, invariavelmente recorre a ela sem
perceber. Já citei alguns cânticos famosos cheios de conteúdo
místico (contemplação de Deus na criação, presença de Deus no
interior, compreender as escrituras para além da letra), mas até na
leitura das escrituras. Quem nunca ouviu a interpretação corrente
na maioria das igrejas de que o livro do Cântico dos Cânticos
(Cantares de Salomão) está apresentando, por meio de metáforas, a
relação entre Cristo/Deus e a Igreja? Ora, se fossemos interpretar
as escrituras apenas no caso histórico deveríamos interpretar
realmente com exaltação da sexualidade conjugal, o que não nego,
mas é bem rara entre os cristãos esse aspecto histórico. Quando
conveniente, se joga toda a contextualização e meditação no lixo
e se apela para, por exemplo, a visão dos fundamentalistas sobre
Sodoma e Gomorra (inclusive ignorando outros textos bíblicos que
demonstram que nada tinha a ver com sexualidade e sim como a opressão
e os maus tratos aos estrangeiros).
A sacralização da sexualidade, recorrente entre
vários tipos de místicos, que se manifesta de duas formas: Pela
busca sexual (por vezes descambando para uma idolatria ao sexo como
vemos em alguns cultos supostamente tântricos e algumas organizações
esotéricas que descambam para a magia sexual, nada novo, cultos
sexuais eram comuns na cultura greco-romana pagã) ou pela
sacralização tão intensa que se torna celibato ou a prática
sexual se torna extremamente regrada, com o medo de profanar a mesma.
Quantas vezes tem algo nas escrituras que não
conseguimos entender e precisamos refletir sobre, mais ainda, buscar
que Deus nos responda aquilo que não entendemos? “Oh! Como eu amo
a tua Lei! Nela medito o dia inteiro.” (Salmo 119:97), “Antes tem
o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de
noite.” (Salmos 1:2). Meditar, precisamos criar o hábito de
meditar. Porém, sobre a meditação que é uma prática tão
multiforme, precisaremos de um outro encontro. Por enquanto, vamos
experimentar uma prática meditativa no culto com cânticos de Taizé
e teremos um momento para refletir nas escrituras silenciosamente.
O número das visualizações
meditativas possíveis está limitado apenas pela imaginação da
pessoa. O livro de Salmos, na Bíblia, tem fornecido temas ricos para
contemplação há milênios. \no cristianismo ortodoxo, os ícones
têm sido objeto de meditação. As histórias de Jesus, dos santos
ou de pessoas excepcionalmente boas fornecem um foco não visual, mas
mentalmente vivido para contemplação. (FRANKIEL, 2009 , p.172)
Em nosso culto de Taizé teremos imagens não para
adoração, mas para foco mental (ícones, velas, cores litúrgicas e
etc) nos facilita entrarmos nas escrituras e prepara a atmosfera
meditativa, o incenso também nos ajuda a focar o olfato, as
histórias de santos (e hoje é dia das mártires Felicidade e
Perpétua) ajudam a mente, os cantos e ouvir as escrituras focam a
audição e quando a comunhão é servida usamos nosso paladar na
devoção, o tato é usado no abraço da paz.
Referências:
BOEHME, Jacob. A Sabedoria
Divina. 3 ed. São
Paulo: Attar. 2011. 146 p.
BONDER, Nilton. A Cabala da
Comida. 1 ed. Rio de
Janeiro: Rocco. 2010. 142 p.
FRANKIEL, Tamar. Cabala:
uma breve introdução para cristãos.
1 ed. São Paulo: Pensamento. 2009. 142 p.
KEMPIS, Tomás de.
Imitação
de Cristo. 1 ed.
Petrópolis: Vozes. 2011. 264 p.
LAW, William.
O Espírito
de Oração. 1
ed. Maceió: Sal Cultural. 2017. 97 p.
MECLER, Ian.
Cabala e a
Arte de ser Feliz.
1 ed. Rio de Janeiro: Sextante. 2007. 137 p.
NICHOLSON, Reynold A.
Os
Místicos do Islã.
1 ed. Rio de Janeiro: Madras. 2003. 117 p.
SPENER, Philip Jacob.
Mudança
para o Futuro – Pia Desideria.
1 ed. Curitiba: Encontrão Editora. 1996. 123 p.
STEINHARDT, Nicolae.
O Diário da Felicidade.
1 ed. São Paulo: É Realizações. 2009. 534 p.
STEWART, Gary Lee.
Atitude
Desperta. 1 ed.
São Paulo: OMCE. 2007. 147 p.
SWEDENBORG, Emanuel. Arcana
Coelestia e Apocalispsis Revelata.
1 ed. São Paulo: Hedra, 2008. 172 p.
VASCONCELLOS, Morôni Azevedo de. A
Cruz, O Esquadro e o Compasso: A
Fraternidade Cristã Chamada Maçonaria.
1 ed. Joinville: Clube de Autores. 2017. 156 p.