quinta-feira, 2 de abril de 2020

A mística cristã e as escrituras


Palestra apresentada pelo revdo. Morôni Azevedo de Vasconcellos, no dia 07/03/2020 na Paróquia Bom Jesus (Diocese Anglicana do Rio de Janeiro - Igreja Episcopal Anglicana do Brasil)
Para entendermos a mística cristã e a sua relação com as escrituras, primeiramente precisamos entender o que é a mística ou misticismo (a eventual diferenciação entre as palavras é bem polêmica) e quais foram as influências, nem sempre tão conhecidas, de outras místicas no cristianismo.
O Judaísmo já possuia uma forte tradição mística, que não só permeia diversas correntes (sendo inclusive a base de algumas como o chassidismo), como também não é raro que faça parte do currículo de formação rabínica, sendo mais presente até do que a mística cristã nos currículos de teologia cristã. Essa mística judaica é chamada de Cabala (que pode ser traduzida por Tradição, aquilo que é recebido) e ficou tão popular a ponto de a tradicional Cabala Judaica ter dado origem a chamada Cabala Hermética (adotada por muitos grupos esotéricos), Cabala Cristã (especialmente desenvolvida no período renascentista e verdadeira febre entre protestantes alemães no período conhecido historicamente como “iluminismo rosacruz”) e até a Cabala “universalista” após o Rabino Yehuda Ashlag (O Baal Ha-Sulam) que permeia muitos grupos como Kabbalah Centre, Portal da Cabala, Kabbalah Society e outros.
O ser místico é algo que apesar de encontrar pontos de contato em todas as místicas das diversas religiões, nunca é algo uniforme e portanto na Cabala judaica encontramos diversas correntes internas (Cabala Luriânica, Cabala Toledana, Cabala Profética ou extática, etc), algo semelhante ocorre na mística cristã e nós veremos isso ao longo do estudo.
Há uma confusão muito grande quando se fala em algo místico, muitas vezes as pessoas pensam em magia, poderes psiquícos, rituais exóticos, porém a via mística também pode ser chamada de via do coração e efetivamente está muito longe disso tudo, até mesmo dos ritualismos mais elementares das religiões. Geralmente, o caminho místico perpassa um certo quietismo, uma postura introspectiva de olhar para a presença de Deus dentro de si, mas também para a contemplação de Deus em toda a sua criação. Como dizem os místicos Sufi:
Oh Deus, eu nunca ouço o grito dos animais ou o farfalhar das árvores ou o urmurejar das águas ou o chilrear de pássaros ou o vento uivante ou o urro do trovão sem senti-los como evidência de Tua unidade e prova de que nada há como tu (NICHOLSON, 2003, p. 10)
É por isso que em muitos aspectos, o misticismo é relativamente similar nas diversas tradições. Quem ao ler o trecho sufi acima não associa com o famoso cântico gospel (repleto de conteúdo místico): Quão Grande és tu (Grandioso és tu em algumas traduções). O cântico dos 3 jovens da fornalha, que cantaremos na oração de Taizé, também apresenta essa visão mística, os salmos então nem se fala: “Louvem o SENHOR, todas as suas criaturas, em todo lugar onde ele reina! Que todo o meu ser te louve, ó SENHOR!” (Salmo 103:22).
Apesar de etimologicamente a palavra mistério estar relacionada, com Nicholson (2003, p.8) apontando seu significado original como “lábios selados por mistérios sagrados, olhos fechados pelo êxtase visionário”. Uma boa formulação do termo foi dada por STEWART (2007, p. 34):
É imperativo que, primeiramente, percebamos que misticismo é simplesmente uma doutrina que afirma que o conhecimento da Unidade onipotente pode ser adquirido através da experiência direta. A experiência mística é, então, um conhecimento individual da Essência, da Fonte ou de Deus. Como resultado, o misticismo trata somente da Ontologia (o estudo da natureza do Ser). Ele não lida com projeção astral, telepatia ou qualquer outra forma de experiência psíquica.
Religião do coração, contemplação, busca interior, reconhecer a imanência de Deus tanto quanto a transcendência, são formas de se falar da experiência mística. Como diz o revdo. William Law (2017, p.24-25):
Pobre pecador! Considere o tesouro que você tem dentro de você: o Salvador do mundo, a Palavra eterna de Deus está oculta em seu ser, como uma faísca da natureza divina que acabará vencendo o pecado, morte e o inferno dentro de você para voltar a gerar em sua alma a Vida do Céu. Volte seu olhar para seu coração, e seu coração encontrará seu Salvador, seu Deus, em seu próprio interior. Você não vê, ouve nem sente nada de Deus porque busca fora com seus olhos externos; o busca no livro, em controvérsias, no templo e em exercícios exteriores, porém aí não o encontrará; Busque-o em seu coração, e nunca buscará em vão, pois aí mora, aí está a sede de sua Luz e de seu Espírito.
Breves notas sobre a história da mística cristã
Nós temos diversas místicas cristãs se desenvolvendo ao longo da sua história, os pais do deserto eram extremamente místicos em suas vidas. Na idade média vemos o desabrochar de grandes místicos da igreja nas ordens monásticas, sendo o período em que grandes místicos que vão influenciar as diversas gerações seguintes vão surgir: Raimundo Lúlio, Tomás Kempis, Francisco de Assis, Bento de Núrsia, etc.
Com a separação da Igreja do Oriente e do Ocidente, é notável que a Igreja do Oriente ficou bem mais mística em suas concepções e ritos enquanto a Igreja do Ocidente se tornou bem mais racional/filosófica (Aliás, o conflito/dialética entre filosofia racional x mística já remonta o judaísmo com Maimônides e outros filósofos x Moshe Cordovero e outros cabalistas)
Então, no renascimento, a Igreja do ocidente se rompe novamente com o surgimento do protestantismo. O misticismo florecerá abundantemente em ambas, com a retomada não só dos clássicos gregos, mas também a cabala judaica permeará por grandes nomes católicos (Pico Della Mirandola, Reuchlin, ...) e protestantes (Andreas, John Dee, Boehme, Francis Bacon, …). O próprio Martinho Lutero foi um homem profundamente místico, como era de se esperar por sua formação monástica.
O luterano Jacob Boehme foi uma grande influência para o clérigo anglicano, revdo. William Law, e para os pietistas alemães (especialmente os pietistas mais radicais). Por sua vez, tanto o pietismo alemão (através da Igreja Morávia) quanto o Revdo. William Law foram decisivos na formação do revdo. John Wesley, que por sua vez, iniciou o movimento metodista (não a Igreja Metodista, pois Wesley se manteve anglicano até o fim e pretendia com o movimento metodista despertar essa espiritualidade profunda no anglicanismo da época), que por sua vez foi de grande influência para os pentecostais. O pentecostalismo clássico, possui em suas raízes um forte misticismo não é atoa.
Ilustração: Vasconcellos (2017, p. 78)
Boehme também foi influência decisiva em outros movimentos como no rosacrucianismo, martinismo e outros grupos místicos de origem cristã, embora hoje tenham seus títulos usados por grupos que se desconectaram do cristianismo.

Voltando um pouco no pietismo, esse movimento alemão foi um movimento multiforme que nasceu como uma tentativa de resgatar essa mística cristã, mesmo que nem sempre usasse esse nome. A sua versão inglesa é o metodismo. Não era um movimento anti-intelectual, mas recusava a religião meramente formal e a ideia de que a teologia se baseia não na busca pela doutrina mais perfeita e sim pela vivência real do amor de Cristo. “Demonstramos ser cristãos e teólogos muito mais através da fé, da vida santa e do amor a Deus e ao próximo, do que através da astúcia e das sutilezas das polêmicas.” (SPENER, 1996, p. 114). Uma curiosa “contradição” é que é inegável em como os pietistas eram zelosos em suas vidas, por outro lado, não raro alertavam para o risco da soberba, do se encher demais pelo rigorismo doutrinário ou por involutariamente cair na salvação pelas obras e portanto a fé só era possível se nos entregarmos a Deus.
No anglicanismo, foi criado um método de investigação das verdades religiosas chamados de Tripé de Hooker, em homenagem ao seu criador o revdo. Richard Hooker. O tripé e formado por Escritura, Tradição e Razão. Note que Tradição aí são os escritos dos grandes cristãos do passado, não podemos deixar de lembrar que uma possível tradução para Cabala seria tradição e de fato a mística cristã está muito presente nos escritos dos grandes santos. Porém, o rev. John Wesley ampliou o tripé, o Quadrilátero Wesleyano passa a incluir a experiência que nada mais é do que a experiência pessoal com Deus ou, mais ainda, a experiência mística.

Leitura mística
Swedenborg (2008) falará de 4 estilos da escritura, sendo o primeiro o espiritual, o segundo o sentido histórico, o terceiro profético e o quarto sendo o usado pelos salmos de Davi (que fica entre os dois anteriores e que trata da pessoa interior). O autor ainda atribui ao desconhecimento do sentido espiritual a falta de compreensão sobre o Apocalipse e outros textos das escrituras. Sobre o primeiro, o espiritual ele diz nas páginas 69 e 70:
Em geral, no Verbo, há quatro estilos diferentes. O primeiro era empregado na Igreja mais antiga. Sua maneira de se expressar era tal que, quando mencionavam coisas terrenas e mundanas, pensavam nas coisas representativas, mas as combinavam numa espécie de séries históricas para lhes atribuir mais interesse e animação. [...] Estas coisas representativas em Davi se chamam enigmas da antiguidade” (Sl 78.2). Moisés possuia os enigmas sobre a criação, o jardim do Éden etc., até o tempo de Abraão, descendentes da Igreja mais antiga.
Um exemplo disso é quando pensamos na história do povo hebreu escravo do Faraó no Egito, ela pode ser entendida no segundo sentido (histórico) lembrando a situação de opressão que o povo vivia nas mãos de um rei e uma sociedade opressora, precisando da libertação e essa é bem lembrada pela Teologia da Libertação. Pode nos lembrar do sentido profético sobre a denúncia dos males cometidos pelo Egito (e cometidos até hoje em tanto povos) mas apontando a libertação futura para a qual o messias conduziria o seu rebanho, nos salmos há uma mistura de elementos históricos e espirituais. Porém, o Egito pode se entendido de forma espiritual, como uma realidade interior também e não apenas uma realidade exterior.
O primeiro nível de realidade chama-se EGITO. Na língua hebraica, original do texto bíblico, a palavra Egito é lida como Miztraim, que pode ser traduzida como estreitamento. Essa é aa dimensão da escravidão, na qual você não consegue ampliar a sua consciência por ficar aprisionado pela visão do aparente. (MECLER, 2007, p.119)
Outro exemplo de como o místico olha as escrituras é a famosa passagem da luta entre Jacó e o Anjo. Em um entendimento místico, ali vemos não uma luta real com um anjo, mas a contemplação e oração, a busca pela proximidade tão intensa com Deus que se está embolado como numa luta, ao mesmo tempo que uma verdadeira luta interna se desenrola em nós. Todos os elementos da criatura são entendidos como ocorrendo dentro de nós:
Não há nenhum inferno situado em algum lugar remoto, nenhum demônio que esteja separado de você, nenhuma escuridão ou dor que não esteja dentro de você, nenhum Anticristo em Roma nem na Inglaterra, nenhuma fera furiosa, nenhum dragão de fogo fora ou à parte de você, que possam fazer dano algum em você. Faça morrer este eu, esta natureza interna, e então haverá vencido todos os inimigos exteriores. (LAW, 2017, p. 61)
Os místicos muitas vezes entendem o mal e seus demônios como criaturas de Deus que, porém, não quiseram receber a luz e misericórdia de Deus, ficando apenas nas sombras do contraste criado para que se enxergue a luz. Boehme considerará que Lucífer por inveja não quis aceitar a luz e amor de Cristo, ficando apenas no Sem Fundo e rigor do Pai, portanto ele está na lei e no julgamento e não na graça.
Nenhuma das virtudes e nenhum dos atributos divinos podem ser isolados e idolatrados. Apenas o equilíbrio de sua reunião representa a perfeição. Como tal, nem a verdade – sozinha – é um critério absoluto. Lendo Lutero (De Servo Arbítrio) convenço-me ainda mais disto e lembra-me o aforismo de Pascal: “Até da verdade podes fazer um ídolo, pois que a verdade sem amor não é Deus, mas figura dele, e ao ídolo não convém amares nem te prostrates (STEINHARDT, 2009, p.375)
Os judeus cabalistas vão reconhecer que o Julgamento e a Misericóridia são divinos, porém quando se usa do julgamento sem a misericórdia se gera o mau. Por isso, é importante que para lermos as escrituras tentemos nos revestir do amor de Cristo, amar como Ele ama (o mandamento que Ele nos deixou). A letra mata e o espírito vivifica, se lermos a Bíblia sem amor, teremos uma interpretação diabólica (e o diabo usou a letra das escrituras para tentar Jesus, que com amor teve a plena compreensão do ensinamento):
Se estiver no amor de Deus, contemplará e sentirá Deus no amor. Porém, se tiver aprisionado a si mesmo na cólera de Deus, só poderá contemplar Deus na Natureza colérica, só poderá percebê-Lo como um espírito irado e vingativo. E se está no amor de Deus, todos os lugares são iguais para ele; se não está nesse amor de Deus, todos os lugares são iguais para ele; se não está nesse amor, todo lugar é um inferno para ele. (BOEHME, 2011, p.111)
A mística, a interpretação profunda, geralmente vinha para explicar aquilo que não era muito claro, ou para dar uma razão para o que não possuia. Os judeus por exemplo, possuiam mandamentos completamente racionais e fáceis de compreender o motivos de sua existência, porém, outros mandamentos não possuiam qualquer explicação razoável, portanto cabia aos místicos buscarem uma justificativa para tal. Um exemplo é o da circuncisão, o qual os judeus que associavam o pênis com a sefira de Iessod, entendiam que o prepúcio era uma espécie de casca (e as cascas são vistas como algo ruim na tradição mística judaica, algo que impede que a verdade apareça). Portanto, retirar a casca (prepúcio) é fazer o órgão (e a sefira associada a ele) revelar sua plenitude espiritual.
A luta em vida dos mestres (Tsadikim) é a de liberar a vitalidade contina nas centelhas aprisionadas em meio a carapaças (cascas/klipot) que atrapalham o fluxo de recebimentos. Seu esforço é de liberar apenas energias vitais maduiras, numa troca ou recebimento sadio. […] Em certos grupos, este conceito bíblico é aplicado para explicar as razões místicas para a circuncisão. O prepúcio, removido pelos judeus através da circuncisão, é uma membrana que envolve o pênis e que também tem o nome de orlá. Oara estes grupos, tal coincidência não é casual, visto que consideram o pênis como o veículo de um dos maiores segredos de concentração vital desta dimensão – o sêmen. (BONDER, 2010, p. 35)
A ideia de que algo não é dito nas escrituras (ou nos escritos dos grandes santos) sem razão é jusatamente o impulso para a busca da razão naquilo que não demonstra ter e que com a mera especulação ou investigação intelectual não é possível compreender. Os cristãos, como outros místicos, buscaram na humildade e no cultivo interior (no cultivo do coração) compreender pela fé e pela experiência direta com Deus, aquilo que a mente não conseguia:
De vários modos nos fala Deus, sem acepção de pessoas. A nossa curiosidade nos embaraça, muitas vezes, na leitura das escrituras, porque queremos compreender e discutir o que se devia passar singelamente. Se queres tirar proveito, lê com humildade, simplicidade e fé, sem cuidar jamais do renome de letrado. Pergunta de Boa Vontade e ouve calado as palavras dos santos; nem te desagradem as sentenças dos velhos, porque eles não falam sem razão. (KEMPIS, 2011, p.28)
Porém, mais do que mero legitimador, a experiência mística é um chamado a mergulhar de com o corpo inteiro e sentir, experimentar realmente as escrituras de uma forma que não é possível com a mera racionalidade ou com a fé e obediência cegas, é pensar com a poesia do coração. A experiência mística alguns chamam de iniciação rara, ou simplesmente conversão. A iniciação cristã se dá com o batismo e se “conclui” com a confirmação/crisma nas igrejas litúrgicas , porém se ali você se torna “formalmente cristão” é no contato místico que há a iniciação mais profunda.
A iniciação rara é o objetivo que todos nós deveríamos ter, é quando a iniciação também se torna em conversão. É o estalo do Espírito Santo em nós, nos transformando. Temos muitas iniciações raras na história cristã: São Thomas Becket, um nobre devasso que foi escolhido pelo rei Henrique II para se tornar Arcebispo de Cantuária (principal bispo da Inglaterra) e que ao ser ordenado mudou radicalmente de vida, se tornou um cristão piedoso e penitente, criou inimizade com o rei e foi assassinado por ele. A ordenação de Becket foi uma iniciação rara. O rev. John Wesley já era clérigo anglicano, já havia participado de trabalhos missionários, mas só quando esteve em uma reunião da Igreja Morávia é que sentiu o seu coração aquecido e foi transformado pelo Espírito Santo, a iniciação rara de Wesley (2009) ocorreu ali no momento em que ouvia as explicações de Lutero sobre a carta de São Paulo aos Romanos. (VASCONCELLOS, 2017, p. 31-32)

A mística está mais próxima do que imaginamos.
É curioso que muitas vezes, até aquele que não se identifica com uma visão mística, invariavelmente recorre a ela sem perceber. Já citei alguns cânticos famosos cheios de conteúdo místico (contemplação de Deus na criação, presença de Deus no interior, compreender as escrituras para além da letra), mas até na leitura das escrituras. Quem nunca ouviu a interpretação corrente na maioria das igrejas de que o livro do Cântico dos Cânticos (Cantares de Salomão) está apresentando, por meio de metáforas, a relação entre Cristo/Deus e a Igreja? Ora, se fossemos interpretar as escrituras apenas no caso histórico deveríamos interpretar realmente com exaltação da sexualidade conjugal, o que não nego, mas é bem rara entre os cristãos esse aspecto histórico. Quando conveniente, se joga toda a contextualização e meditação no lixo e se apela para, por exemplo, a visão dos fundamentalistas sobre Sodoma e Gomorra (inclusive ignorando outros textos bíblicos que demonstram que nada tinha a ver com sexualidade e sim como a opressão e os maus tratos aos estrangeiros).
A sacralização da sexualidade, recorrente entre vários tipos de místicos, que se manifesta de duas formas: Pela busca sexual (por vezes descambando para uma idolatria ao sexo como vemos em alguns cultos supostamente tântricos e algumas organizações esotéricas que descambam para a magia sexual, nada novo, cultos sexuais eram comuns na cultura greco-romana pagã) ou pela sacralização tão intensa que se torna celibato ou a prática sexual se torna extremamente regrada, com o medo de profanar a mesma.
Quantas vezes tem algo nas escrituras que não conseguimos entender e precisamos refletir sobre, mais ainda, buscar que Deus nos responda aquilo que não entendemos? “Oh! Como eu amo a tua Lei! Nela medito o dia inteiro.” (Salmo 119:97), “Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.” (Salmos 1:2). Meditar, precisamos criar o hábito de meditar. Porém, sobre a meditação que é uma prática tão multiforme, precisaremos de um outro encontro. Por enquanto, vamos experimentar uma prática meditativa no culto com cânticos de Taizé e teremos um momento para refletir nas escrituras silenciosamente.
O número das visualizações meditativas possíveis está limitado apenas pela imaginação da pessoa. O livro de Salmos, na Bíblia, tem fornecido temas ricos para contemplação há milênios. \no cristianismo ortodoxo, os ícones têm sido objeto de meditação. As histórias de Jesus, dos santos ou de pessoas excepcionalmente boas fornecem um foco não visual, mas mentalmente vivido para contemplação. (FRANKIEL, 2009 , p.172)
Em nosso culto de Taizé teremos imagens não para adoração, mas para foco mental (ícones, velas, cores litúrgicas e etc) nos facilita entrarmos nas escrituras e prepara a atmosfera meditativa, o incenso também nos ajuda a focar o olfato, as histórias de santos (e hoje é dia das mártires Felicidade e Perpétua) ajudam a mente, os cantos e ouvir as escrituras focam a audição e quando a comunhão é servida usamos nosso paladar na devoção, o tato é usado no abraço da paz.

Referências:
BOEHME, Jacob. A Sabedoria Divina. 3 ed. São Paulo: Attar. 2011. 146 p.
BONDER, Nilton. A Cabala da Comida. 1 ed. Rio de Janeiro: Rocco. 2010. 142 p.
FRANKIEL, Tamar. Cabala: uma breve introdução para cristãos. 1 ed. São Paulo: Pensamento. 2009. 142 p.
KEMPIS, Tomás de. Imitação de Cristo. 1 ed. Petrópolis: Vozes. 2011. 264 p.
LAW, William. O Espírito de Oração. 1 ed. Maceió: Sal Cultural. 2017. 97 p.
MECLER, Ian. Cabala e a Arte de ser Feliz. 1 ed. Rio de Janeiro: Sextante. 2007. 137 p.
NICHOLSON, Reynold A. Os Místicos do Islã. 1 ed. Rio de Janeiro: Madras. 2003. 117 p.
SPENER, Philip Jacob. Mudança para o Futuro – Pia Desideria. 1 ed. Curitiba: Encontrão Editora. 1996. 123 p.
STEINHARDT, Nicolae. O Diário da Felicidade. 1 ed. São Paulo: É Realizações. 2009. 534 p.
STEWART, Gary Lee. Atitude Desperta. 1 ed. São Paulo: OMCE. 2007. 147 p.
SWEDENBORG, Emanuel. Arcana Coelestia e Apocalispsis Revelata. 1 ed. São Paulo: Hedra, 2008. 172 p.
VASCONCELLOS, Morôni Azevedo de. A Cruz, O Esquadro e o Compasso: A Fraternidade Cristã Chamada Maçonaria. 1 ed. Joinville: Clube de Autores. 2017. 156 p.

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