sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Oração de São Miguel e Todos os Anjos.


"Sempiterno Deus, que ordenaste e constituíste os serviços dos Anjos e dos homens em ordem maravilhosa; misericordioso permite que, assim como os teus benditos Anjos te servem continuamente no Céu, também, por tua providência, nos socorram e defendam na terra; mediante Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém" 
São Miguel e Todos os Anjos, 29/09 retirado do Livro de Oração Comum (Igreja Episcopal Anglicana do Brasil)



quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Qual é a necessidade?

Inegavelmente, uma das coisas que mais atrai algumas, e também repele outras, nas ordens iniciáticas está nos rituais praticados. De fato, algumas ordens que pretendem ser rosacruzes, martinistas ou até maçônicas, exageram em práticas que pouco edificam e/ou que por si só não trazem qualquer benefício espiritual.

Provavelmente, a pergunta que deveria ser feita para qualquer pessoa que deseja ingressar no caminho iniciático é sobre qual é a motivação dela. Se o seu desejo for acumular status, alimentar sua vaidade com inúmeros títulos e honrarias, então está tudo errado.

Igualmente está errado aquele que pretender se tornar uma "super-herói" (ou "super-vilão" em alguns casos) aprendendo diversos poderes especiais no campo espiritual e psíquico. Ritos intermináveis, cerimônias exóticas visando alcançar qualquer coisa que não seja a reintegração/reconciliação, de Deus com o homem. Tudo isso é fora de propósito, não é atoa que o grande Louis Claude de Saint-Martin questionou muito do caminho exterior.

Aliás, a crítica contra a religião/espiritualidade exterior já estava presente nas Escrituras Sagradas:

"Pois desejo misericórdia, não sacrifícios, e conhecimento de Deus em vez de holocaustos." (Oséias 6:6)





















"Governantes de Sodoma, ouçam a palavra do Senhor! Vocês, povo de Gomorra, escutem a instrução de nosso Deus! "Para que me oferecem tantos sacrifícios? ", pergunta o Senhor. Para mim, chega de holocaustos de carneiros e da gordura de novilhos gordos; não tenho nenhum prazer no sangue de novilhos, de cordeiros e de bodes! Quando lhes pediu que viessem à minha presença, quem lhes pediu que pusessem os pés em meus átrios? Parem de trazer ofertas inúteis! O incenso de vocês é repugnante para mim. Luas novas, sábados e reuniões! Não consigo suportar suas assembleias cheias de iniquidade. Suas festas da lua nova e suas festas fixas, eu as odeio. Tornaram-se um fardo para mim; não as suporto mais! Quando vocês estenderem as mãos em oração, esconderei de vocês os meus olhos; mesmo que multipliquem as suas orações, não as escutarei! As suas mãos estão cheias de sangue! Lavem-se! Limpem-se! Removam suas más obras para longe da minha vista! Parem de fazer o mal, aprendam a fazer o bem! Busquem a justiça, acabem com a opressão. Lutem pelos direitos do órfão, defendam a causa da viúva. (Isaías 1:10-17)

O teólogo cristão Leonardo Boff, contou em certa ocasião que ele fez uma pergunta desafiadora ao Dalai Lama sobre "Qual é a melhor religião" e ouviu como resposta não uma argumentação teológica sobre qual possuía a doutrina mais perfeita, os ritos mais ortodoxos, a mais antiga tradição e sim que a melhor religião é aquela que te torna uma pessoa melhor. Isso é uma grande verdade no campo da religião e de qualquer outra atividade espiritual. Se a sua ordem ou caminho iniciático te transforma no mago super poderoso e não em alguém que vivencia Deus sendo uma pessoa melhor, então a sua ordem não serviu para nada e a sua iniciação foi uma iniciação para as trevas.

“A única iniciação que prego e que procuro com todo o ardor de minha alma é aquela que nos permite entrar no coração de Deus e fazer entrar o coração de Deus em nós, para aí fazer um casamento indissolúvel, transformando-nos no amigo, irmão e esposa do Divino Reparador. Não existe outro mistério para chegar-se a essa santa iniciação a não ser este: penetrar cada vez mais nas profundezas de nosso ser até aflorar a viva e vivificante raiz; porque, então, todos os frutos que deveremos portar, segundo nossa espécie, irão se produzir naturalmente em nós e fora de nós, como aqueles que vemos nascer em nossas árvores terrestres, porque são aderentes à sua raiz particular e porque não cessam de sugar seu sumo” Louis Claude de Saint-Martin (Cf. Papus, p. 13-14).

Saint-Martin diz em correspondência citada por Papus, ainda sobre esse tema, dos riscos de algumas operações exteriores espirituais e o risco de lidar com certas práticas e seres que não se conhece:
“Todas essas manifestações que vêm após a iniciação, não seriam do reino astral? Uma vez tendo colocado os pés nesse domínio, não se entraria em sociedade com os seres que aí habitam, cuja maior parte, se me for permitido, em assunto dessa natureza, servir-me de uma expressão trivial, é má companhia? Não se entra em contato com seres que podem atormentar, até ao excesso, o operador que vive nessa multidão, ao ponto de suscitar-lhe o desespero e de inspirar-lhe o suicídio, como testemunharam Schoroper e o Conde de Cagliostro! Sem dúvida que terão os iniciados os meios mais ou menos eficazes para se protegerem das visões; mas, em geral, parece-me que essa situação, que está fora da ordem estabelecida pela Providência, pode ter antes conseqüências mais funestas do que favoráveis ao nosso progresso espiritual”(Cf. Papus, p. 15-16).



No post anterior falamos da Religio Cordis, a Religião do Coração, aqui devemos lembrar que ela é o objetivo único e supremo de toda a jornada religiosa. Qualquer religião, igreja, ordem, irmandade, sociedade que nos ajude a isso será boa e agradável a Deus, porém as que nos afastarem disso serão nocivas e devem ser evitadas. Gary L. Stewart, em seu texto Elementos Introdutórios da Iniciação, descreve assim a iniciação prejudicial:
"O terceiro tipo de iniciação que consideraremos é a iniciação prejudicial ou iniciação negativa. Há dois tipos delas: aquelas criadas pelas influências destrutivas de um ser humano que utiliza a técnica iniciática para atingir fins egoístas e, segundo, aquelas iniciações produzidas pelas ações da ignorância e do engano, às quais comumente nos referimos como Forças das Trevas. O iniciado das Forças das Trevas é aquele que se harmoniza com as criações astrais da cobiça e do ódio e desse todo nunca adentra os planos espirituais. São, na verdade, ilusões, mas ao mesmo tempo uma força que deve ser levada em consideração em nosso nível de manifestação."

Que o misericordioso reparador, derrame sobre nós o Espírito Santo para tenhamos os corações avivados pela verdadeira espiritualidade que nos aproxima do nosso Pai e Criador!

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Religio Cordis

Sabendo do caráter cristão deste blog, muitos devem estar se perguntando qual é o vínculo entre martinismo, rosacrucianismo, metodismo, misticismo e pietismo (todos eles sendo movimentos sobre os quais já falamos por alto aqui). A resposta é simples: A Religio Cordis (religião do coração). 


A ideia de que a religião não deveria se restringir a um assentimento intelectual para com determinado conjunto de doutrinas, ou mesmo a observância de certos rituais, práticas, restrições e/ou dias festivos. A religião precisava ser realmente transformadora de todo o ser do devoto e, consequentemente, transformadora de todo o corpo social. Esses eram os místicos, que nada tem a ver com feitiçaria ou coisas do tipo como muitos pensam. Os místicos eram aqueles que desejavam essa união íntima e completa com o Criador. Vemos a definição de misticismo no Dicionário PRIBERAM como:

"mis·ti·cis·mo 
substantivo masculino
1. Crença na possível comunicação entre o homem e a divindade.
2. Vida contemplativa.
3. Devoção exagerada.
4. Tendência para acreditar no sobrenatural."

Assim sendo, podemos ver que são místicos muitos que nem conseguíamos imaginar e que nem os próprios, por preconceito, aceitariam o rótulo de místicos. Os pentecostais, quakers, carmelitas, franciscanos, pietistas, metodistas, martinistas, rosacruzes todos fazem parte de movimentos internos do cristianismo para recuperar a sua mística. John Wesley, Charles Wesley, São Francisco de Assis, São João da Cruz, Santa Teresa D´Ávila, William Law, Juliana de Norwich, Swedenborg, Phillipp Jacob Spener, Arndt, Zinzendorf, Louis Claude de Saint-Martin, Jacob Boehme, Thomas à Kempis e até mesmo Martinho Lutero. Todos foram grandes místicos cristãos ou sofreram forte influência do misticismo e do seu conceito de religião do coração.

Existe misticismo apenas no cristianismo? Certamente que não. O sufismo é um clássico exemplo do misticismo islâmico, os bhaktas do hinduísmo são sublimes místicos, o taoismo em si é profundamente místico, o judaísmo também produziu os seus místicos. Como no caso cristão, muitas vezes os místicos rejeitaram este rótulo por conta da perseguição ou do mau uso do termo místico, sendo usado como se fosse a busca por poderes sobrenaturais ou algo que precisasse ser inacessível para as massas, sendo possível apenas para uma elite eleita que seria dotada dos mais profundos conhecimentos. John Wesley mesmo era um caso de alguém profundamente místico, não apenas pela sua religião do coração, mas também é fácil de percebermos isso ao constatarmos quem foram as pessoas que influenciaram em seu ministério e formação (William Law, Peter Boehler, Zinzendorf,  Thomas à Kempis, ...), porém ele tinha problemas com o irracionalismo de certos místicos e com a linguagem que julgava desnecessariamente complexa de outros como Jacob Boehme.


A religiosidade externa é aquela que vemos cotidianamente quando as pessoas não pisam na Igreja salvo para realizar determinados sacramentos (especialmente o batismo), sem nem ao menos saber o significado dos mesmos e transformando os mesmos em mero evento social ou em superstição. É essa religiosidade superficial que os místicos atacaram. Evidentemente, isso não quer dizer que os místicos se opuseram aos sacramentos ou a religião organizada, alguns até fizeram isso, porém em geral eles queriam que a religião fosse algo mais profundo do que mera convenção social.

A maior participação dos leigos, a busca pela santidade (vida piedosa), sentir a Deus no seu coração, transformar o indivíduo para transformar a sociedade, entender as Sagradas Escrituras através do Espírito e não da mera letra (II Coríntios 3:4-10), perceber a presença/sinais de Deus na criação/mundo/natureza, etc.

Que nosso coração seja inflamado pelo Espírito Santo de Deus para vivermos a verdadeira religião.


Sugestões de leitura:
O Diário de John Wesley (Arte Editorial)
William Law - O Espírito de Oração (Editora Sal Cultural)
Roger Olson & Christian Collins Winn - Reconsiderando o Pietismo (Editora Sal Cultural)
Jacob Boehme - Aurora Nascente (Editora Polar)
Jan Amos Comenius - O Único Necessário (Editora Pentagrama)

Philipp Jacob Spener - Pia Desideria (Editora Encontrão)
Thomas à Kempis - A Imitação de Cristo

Louis Claude de Saint-Martin - O Templo do Coração (AMORC)

domingo, 17 de setembro de 2017

Rosacrucianismo, protestantismo e liberdade religiosa/intelectual.

Vivemos tempos sombrios de intolerância religiosa, constantemente vemos mulheres usando véu serem hostilizadas como terroristas, locais de culto das religiões afro-brasileiros sendo depredados e

Uma coisa muito esquecida sobre as origens do rosacrucianismo é que o mesmo nasce no meio protestante, visando lutar justamente pela liberdade religiosa e intelectual e contra a perseguição religiosa que sofriam por parte (então da Igreja Católica).

Todos nós sabemos que o Sacro Império Romano Germânico, berço da reforma protestante, encarou muitas guerras religiosas entre católicos e protestantes. Até que foi dada a liberdade para cada príncipe-eleitor (império tinha um imperador que era eleito entre os "príncipes" que governavam cada um dos "reinos" que compunham o Império) decidir a religião da região que estava sob seu poder, não tendo mais que se sujeitar ao imperador neste quesito.

Uma especial era de tolerância e harmonia começou com o imperador Maximiliano II, que era um católico simpatizante dos luteranos e garantiu a liberdade religiosa no Sacro Império, abominando a intolerância italiana e espanhola.

Maximiliano II

Esta era continuou com o Imperador Rodolfo II, católico habsburgo, com abertura para a tolerância com os protestantes. Apaixonado por astrologia, alquimia e outras coisas que era tidas como ciência na época e hoje são conhecidas apenas como ciências ocultas.

Rodolfo II
Em seguida veio o curto reinado de Matias, sem grandes mudanças. Até que chegamos ao imperador Fernando II e tudo desandou. Fernando perseguiu os protestantes da Morávia-Boêmia. Estes por sua vez, coroaram o Princípe Eleitor do Palatinado (Frederico V) como rei da Boêmia. Ele não durou muito, ficando conhecido como o rei invernal da Boêmia. Entre os que defendiam Frederico V estavam aqueles protestantes que se chamariam de rosacruzes.

Após a queda de Frederico V, a perseguição aos protestantes só se intensificou. Um dos que consegui escapar para o exílio foi o bispo da Igreja Morávia Jan Amos Comenius (muito estudado nas faculdades de pedagogia), que também era rosacruz, chegou no fim da sua vida a escrever para Roperto II que ele via como a esperança de devolver a liberdade religiosa ao seu povo, em dado momento inclusive falando que os astrólogos já haviam previsto tal importância no príncipe Roperto.

"Somente o que é excelso é digno de vossos antepassados. Dentre eles está aquele cujo o nome levais, Roperto, Princípe Eleitor do Palatinado, eleito imperador romano em 1400, e que sabiamente governou a Alemanha durante dez anos. Ao assumir o poder, encontrou um país dilacerado pelas disputas. Devolveu-lhe a paz, e por essa façanha tão digna de louvor recebeu, por parte dos historiadores, o título de príncipe sábio e magnânimo. Como Salomão, ele esteve plenamente a altura do seu nome. Assim como Salomão significa 'pacificador', também Roperto significa 'restaurador da paz'. Algo parecido também ocorre com o nome do Rei, vosso pai, que é o mesmo do vosso bisavô, Frederico, pois Friedrich vem de Friedensreich, que quer dizer 'pleno de paz', e traz à memória os tempos pacíficos de Salomão." Comenius - O Único Necessário p. 24-25 (disponível em nosso biblioteca).

Lamentavelmente, vemos muitos "evangélicos" atuais tão desconectados da história protestante, tão bem representada pela herança rosacruciana, de lutar pela liberdade religiosa.

"Em primeiro lugar, o Rosa-Cruz Tradicional traz em seu coração amor, compaixão e tolerância. [...] Quem foi responsável pela introdução do método científico, da liberdade de pensamento, dos elementos de democracia, do progresso da paz e da cultura e de muitas outras coisas? Os filósofos e místicos, muitos dos quais trabalharam dentro dos movimentos e muitos dentro da Ordem. [...] Tradicional e historicamente, o movimento Rosa-Cruz sempre lutou pelo estabelecimento e perpetuação da liberdade ─ liberdade da mente, do espírito e da alma. Este site da Internet é dedicado a esse movimento." Confraternidade da Rosa+Cruz



"O propósito exterior da M.C.E. era proteger o significado religioso e místico da Cruz e impedir o seu uso como um instrumento de guerra. Em segundo lugar, a M.C.E. tinha por finalidade promover pacificamente a liberdade religiosa, a liberdade de pensamento, e a liberdade de pesquisa. O propósito Interior da M.C.E. era estabelecer um corpo exotérico de Servos da Luz para dirigir e guiar a humanidade em direção à iluminação mística. Um dos resultados desse propósito foi a manifestação do Rosacrucianismo do século dezessete que foi uma ativação da Ordem Rosae Crucis. Dentro da OMCE está a perpetuação de uma Tradição assim como a Fonte de uma Tradição. Mais importante, contudo, é a dedicação da Ordem em cumprir sua missão original e seu plano organizados nove séculos atrás, mas cuja inspiração remonta há muitos séculos. Colocado de forma simples, aquela missão é a de servir à humanidade e a todos os seus aspectos através do trabalho esotérico, místico e espiritual pelo estabelecimento dos sagrados princípios da liberdade, tolerância e harmonia e pela criação da prática espiritual." Ordo Militiae Cruciferae Evangelicae

"Qual é o propósito do Movimento Rosacruz?
Tradicionalmente, o Movimento Rosa-Cruz tem apoiado a liberdade e a responsabilidade pessoal. A Liberdade de escolher e investigar a Verdade sem medo ou opressão de um corpo governante, com ênfase na responsabilidade pessoal para agir apropriadamente. Eis porque os Rosa-Cruzes têm sempre lutado contra a opressão e a intolerância religiosa, social ou intelectual. Historicamente, o movimento trabalhou para o estabelecimento e a perpetuação de uma condição na qual todas as pessoas possam livremente seguir seus próprios caminhos para a iluminação." Confraternidade da Rosa+Cruz

É necessário que TODAS as ordens rosacruzes, bem como os rosacruzes dispersos (que não pertencem a qualquer organização), possam se manifestar resgatando esses sagrados princípios da liberdade. Igualmente, que possamos dar o testemunho que será útil para resgatar nos protestantes aquele passado glorioso de defesa da liberdade religiosa/intelectual. Passado glorioso bem lembrado nas considerações de um dos maiores teólogos protestantes que já existiu:

"Mas o Sínodo não deverá assumir a autoridade de impor aos outros, pela força, as resoluções que possam ter sido aprovadas por consentimento unânime. Pois esta reflexão sempre deve ser sugerida: 'Embora este Sínodo possa parecer ter feito todas as coisas conscientemente, é possível que, afinal, possa ter cometido um erro de juízo. Essa modéstia e moderação de mente terão maior poder e maior influência que qualquer rigor excessivo possa ter sobre a consciência dos dissidentes obstinados, e sobre todo o grupo de fiéis, porque segundo Lactâncio, 'Para recomendar a Fé aos outros, devemos fazer dela assunto de recomendação, e não de compulsão'. Tertuliano também diz: 'Nada está mais distante de ser algo religioso que o emprego de coerção a respeito da religião'." Jacó (Tiago) Armínio* (p. 174 das Obras de Armínio Vol. 1 publicado pela CPAD).

*Armínio foi um pastor holandês, famoso como o teólogo protestante (de origem calvinista) que defendeu de forma mais brilhante a ideia do Livre Arbítrio (e também da tolerância e liberdade religiosa). Por isso, os cristãos que defendem a ideia de livre arbítrio ficaram conhecidos como arminianos em oposição aos calvinistas (predestinacionistas). Entre os arminianos estão os remonstrantes e os metodistas e boa parte dos pentecostais, batistas e anglicanos.

Sugestões de leitura:
Morôni Azevedo de Vasconcellos - A Cruz, O Esquadro e O Compasso (Editora Clube de Autores)
Frances Yates - O Iluminismo Rosa-cruz (editora Cultrix-Pensamento)
Phillip Jacob Spener - Pia Desideria (editora Encontrão)
Jacó Armínio - As Obras de Armínio (editora CPAD)

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

São Francisco de Assis (Parte III)

"Vê a verdade aquele que percebe o Senhor excelso presente da mesma forma em todas as criaturas, imperecível no seio do perecível." (Bhagavad Gita XIII.27)

Francisco voltou para a igreja de São Damião, mas agora ele não tinha dinheiro para reconstruir a capela. "O pobrezinho" partiu para implorar pelo que ele precisava, desde comida até pedras. Ele cantava ou falava simplesmente, nunca usando palavras intelectuais e impressionantes, mas desejando ser entendido. Falou sinceramente sobre o que ele sabia, e disse ao povo que havia felicidade para ser encontrada e eles poderiam ser livres da tristeza. "Paz e Bem!" ele anunciou.

Francisco falou do coração e comoveu as pessoas profundamente, e logo ele desenvolveu um núcleo de outros jovens que desejavam caminhar nos seus passos. Ele começou com onze recrutas, depois doze, e Francisco desfrutando a simetria aos Apóstolos, os acolheu. Muitos deles eram de famílias proeminentes, e isso não agradou seus pais e outras autoridades.

Em uma atmosfera de corrupção da Igreja tão desenfreada que o Papa Inocêncio III disse: "que seria necessário fogo e uma espada para curá-lo", não faltavam de pretensos profetas e grupos dispersos para aproveitarem a brecha. Muitos eram sinceros e geravam as sementes da reforma futura; Mas alguns, aproveitando o caos, eram questionáveis. Em geral, eles pregavam pobreza, Cristo e amor. Os mais políticos e autônomos usaram o Evangelho como uma arma para atacar tudo à vista. Em ambos os casos, a Igreja não estava preocupada com o motivo, mas com o efeito e tratava de pôr um termo final aos "hereges".

Então as Boas Novas vieram junto da pregação de Francisco sobre todas as coisas. Meninos mais jovens e ricos seguiram sua liderança e as pessoas ouviram suas palavras; Não é de admirar que ele logo possa encontrar-se catalogado como um herege e apenas mais um iluminado desatento. Em todas as coisas, Francisco decidiu buscar o conselho do Papa.

É importante notar que Francisco não era educado e não era um teólogo; ele não tinha nenhum desejo de criar uma outra ordem, havia uma abundância ao redor. Além disso, apesar de ter sido inspirado pelos ideais evangélicos dos cátaros e dos valdenses (seu pai era um cátaro*[ver nota do tradutor]), nunca aconteceu que Francisco fosse rebelde. Ele não era político, e nunca entrou em sua mente para questionar a Igreja ou o Papa. Ele não pensou dessa maneira. Ele simplesmente queria fazer o "seu" de acordo com os ditames divinos.

A primeira tentativa de ver o Papa não foi bem e o grupo esfarrapado de monges foi jogado fora. No entanto, o Papa teve um sonho.
















Nesta época medieval, o mundo dos sonhos não tinha sido submetido a um divã freudiano ou desconsiderado como um nonsense intelectual ou a criação do próprio. Os sonhos foram considerados comunicações do Divino, revelando a vontade de Deus, e as pessoas estavam convencidas de que estavam vendo imagens fora de si - idéias dinâmicas reveladas de um mundo celestial - uma fonte de revelação mística. Eles agiam em cima de seus sonhos como fizeram suas visões, sem consultar a razão. (Green, 120)

O Papa Inocêncio III sonhou com uma palmeira que crescia a seus pés até um tamanho enorme, e Deus revelou a ele que esta árvore era o mendigo em trapos que ele recusava ver. Francisco foi chamado de volta. Vestido com trapos de cinza, ele se ajoelhou diante do opulento vermelho e ouro do Papa e falou de maneira tão persuasiva, que comoveu o Papa para aprovar sua regra.

Embora a aprovação para pregar fosse apenas verbal neste momento, Francisco usou a com grande sucesso. O tempo estava propício para ele. Ele deveria reconstruir a Igreja com um capital C, além da capela do seu bairro, sem perceber até que ponto ele revitalizaria a Igreja. Francisco trazia de volta uma inocência original do cristianismo primitivo e substituía o efeito de um clero apático e minguante que bocejava nos sermões do domingo, esquecendo há muito tempo como falar com a alma. O Papa Inocêncio III pode ter sido tão prudente como ele foi comovido.

Muitas demandas agora eram colocadas em Francisco à medida que sua popularidade se espalhava e sua força física continuava a diminuir, um processo estimulado pela própria conversão. Assis queria ouvi-lo falar, o mesmo homem que haviam apedrejado apenas alguns anos antes por escandalizar a cidade. Francisco foi, fraco pelo jejum e pela má saúde, mas tornou a vida perante as mil faces esperando para ouvir suas palavras, o rei da juventude em panos de mendigo. Francisco, um homem que cessou a resistência àqueles cuja língua ele falava, os fez chorar pelo amor e ternura fluindo através de sua voz. Esse foi o dom que Francisco tinha que dar: o dom do amor.

Entendendo o efeito de Francisco sobre as pessoas, devemos entender que sua conversão era mais do que uma mudança de atitude e estilo de vida. Em vez disso, ele foi completamente transformado para que, quando falasse, a atmosfera em torno dele mudou por seu puro fogo espiritual, suas palavras eram tão cheias de paixão que as pessoas ficaram sobrecarregadas com as lágrimas, como se ouvissem os Evangelhos da fonte original.

Os outros irmãos, frades menores, não estavam lá para ver a cidade abraçar seu próprio santo, mas eles receberam uma visão. Uma carruagem de fogo entrou em sua cabana, partiu e voltou várias vezes, assustando-os e enchendo-os de alegria extática ao mesmo tempo, pois sabiam que viram a alma de seu irmão, enviando-lhes prova de seu amor por eles. (Green, 131)

O relacionamento de Francisco com seus Irmãos é importante em todo o conceito franciscano. Não só os conceitos básicos de pobreza, castidade, humildade e as operações de contemplação e ação, mas também a força de ligação da comunidade é um fio essencial ao longo da ordem.
No mundo de conforto material, é difícil de entender os sacrifícios e desconforto que este bando de homens suportou; Mas nada disso preocupava aos Frades Menores porque estavam com Francisco, que os amava como seus próprios filhos. Em troca de sua obediência à pobreza, pureza do coração, humildade e caridade, Francisco liberou seus corações na refulgência da pura alegria. Lembre-se de que estes eram homens que desistiram de mansões, riqueza e todos os bens materiais para se comprometerem com um ideal. Muitos historiadores tentaram descrever a felicidade em que viviam, cantando, rezando e lavando leprosos, ainda vivendo sob uma regra estrita; isso desafia o motivo. Sempre que um dos irmãos era assaltado pela tentação, Francisco ordenava que eles pululassem no riacho congelante e ficassem lá até que a tentação fosse embora, e eles fizeram isso - enquanto Francisco se afastava com um sorriso no rosto.

Mas a felicidade que ele deu a seus irmãos foi a felicidade que vem de amar a Deus e realmente sentir o amor de Deus em troca. E quem tem a força para tomar tal jornada onde o acesso a Deus e esse amor não é uma tarefa fácil?

Um dos paradoxos difíceis sobre Francisco é que, por um lado ele encontrou alegria e celebração na vida e a Presença Divina estava em toda parte - os cheiros, sons, cores e pessoas - e ele não era piegas em sua pregação. Ao mesmo tempo, sentiu que o caminho mais curto para Deus era através do sofrimento que ele passou em toda a sua vida, física e espiritualmente. No entanto, sua identificação com o objeto de seu amor era tão absoluta que ele aceitou seus sofrimentos como Graça Divina que produzia nele o ciclo da alegria de volta.

Um dia, o irmão Leo, confidente de Francisco, pediu-lhe para revelar o que era a alegria perfeita. Francis tinha dito a ele que não era, e juntos eles tiveram uma experiência que demonstrou que as palavras não podem descrevê-la adequadamente. Era um dia gelado e eles haviam andado por quilômetros até chegarem finalmente ao convento. Eles bateram na porta pedindo calor e comida. Em vez disso, eles receberam uma sova do porteiro que achava que eles eram impostores; ele os bofeteou, chutou-os e bateu nos dois com um porrete, depois arrastou-os pelos capuzes e jogou-os na lama. Francisco e Leo aceitaram este tratamento alegremente e com alegria perfeita, porque chegaram à parte mais estreita do caminho, superando-se e aceitando o fardo do abandono total ao amor. Eles penetraram no véu e a alegria eterna era deles. (Green, 173)

Francisco nunca quis ser clérigo, nem desejava ser proprietário de terras. No entanto, em 1213 um pedaço de terra, Monte Alverne, foi doado para os irmãos. No caminho para inspecionar a visão, Francisco e alguns irmãos pararam para descansar a noite em um convento. Francisco estava sozinho na Igreja e teve uma noite horrível com espíritos maus, que pensavam que Francisco estava espiritualmente enfraquecido pela sua nova possessão de terra, lutando para tentá-lo mais. A história diz que ele foi arrastado para frente e para trás no chão de pedra da Igreja, enquanto agradecia a Deus pela tentação. Os irmãos o encontraram mais tarde no bosque, levantado no ar e envolvido em uma nuvem brilhante.

No dia seguinte, Francisco foi enfraquecido pela provação e teve que pedir emprestado um burro de um camponês local. O camponês, de repente, dá um sermão para Francisco, e disse-lhe que é melhor ele ser tão virtuoso como ele alega ser ou ele vai decepcionar muita gente, e que ele não ousasse dizer uma coisa e ser outra. Por isso, Francisco caiu no chão e beijou os pés do camponês, agradecendo-lhe o aviso.

Naquela tarde, chegaram ao Monte Alverne e Francisco foi colocados sob um arbusto. Foi aqui que centenas de pássaros voaram de todas as direções e pousaram em seus braços, pernas e cabeça, chilreando em grandes gritos e batendo suas asas como se fossem enviados pelo Altíssimo.

O amor de Francisco pela natureza e pelos animais é bem conhecido e intrínseco ao seu conceito de comunidade em que todos somos membros. Ele chamou tudo de Irmão ou Irmã, Irmão Sol, Irmã Morte e ele se referiu ao seu próprio corpo como Irmão Burro. A história do irmão Lobo é uma das mais famosas em relação aos animais.

A cidade de Gubbio estava aterrorizada com um lobo selvagem, os portões sempre estavam trancados e as pessoas sempre armadas. Francisco decidiu investigar. Ele deixou o perímetro da cidade, junto com um companheiro, para encontrar a guarida do lobo. Finalmente, ele ouviu o uivo do predador. O companheiro congelou no local e Francisco marchou em direção ao lobo abrindo seu caminho. Francisco foi direto para o lobo rosnador, fez o sinal da cruz sobre ele e disse: "Irmão Lobo, em nome de Cristo, você não vai mais machucar ninguém, e você não vai comer o Irmão Burro" O lobo parou em uma distância mínima e Francisco continuou a dar um severo sermão. "Você é muito ruim e come as criaturas de Deus sem permissão ... Desejo fazer a paz entre você e o povo de Gubbio". Para isso, o lobo balançou a cauda, ​​inclinou a cabeça e, depois, sentou-se nas suas cochas, colocou a perna na mão esticada de Francisco. Francisco teve um novo convertido, e a cidade um novo animal de estimação. As pessoas o alimentaram e o lobo vagou de casa em casa aproveitando a nova hospitalidade pelo resto da vida. (Green, 218-220)

Os animais amaram Francis tanto quanto as pessoas por razões que ninguém pode explicar. Mas se Francisco exalava um amor tão poderoso que as pessoas podiam sentir, parece que os animais também responderam ao poder espiritual de seu amor e talvez até pudessem ver um campo de energia além da maioria dos olhos humanos, e eles olharam para Francisco como seu amigo.

A Contemplação do Criador nas Criaturas

São Francisco elogiou o artista em cada uma dessas obras; Tudo o que ele achou nas coisas feitas, ele se referiu ao Criador. Ele se alegrou em todas as obras das mãos do Senhor, e com visão alegre contemplou a razão e causa que lhes deu vida. Nas coisas lindas, ele conheceu a própria beleza. Para ele, todas as coisas eram boas. Eles gritaram para ele: "Aquele que nos fez é infinitamente bom". Ao traçar suas pegadas em coisas, Francisco seguiu ao Amado por onde ele passava. Ele fez, das coisas criadas, uma escada ao seu trono. -- Celano, Segunda Vida, 165

Irmão Coelho

Uma vez, quando São Francisco estava hospedado na cidade de Greccio, um coelho pequeno que tinha sido pego em uma armadilha foi trazido vivo para ele por um certo irmão. Quando o homem abençoado viu, ele ficou com piedade e disse: "Irmão Coelho, venha até mim. Por que você se permitiu ser enganado assim?" E assim que o coelho foi deixado passar pelo irmão que o segurou, fugiu para o santo e, sem ser forçado por ninguém, ficou tranqüilo em seu colo como o lugar mais seguro possível. Depois que ele descansou um pouco, o pai santo, acariciando-o com carinho maternal, liberou-o para que ele pudesse retornar livre para a floresta. Mas quando tinha sido colocado no chão várias vezes e tinha retornado cada vez ao colo do santo, ele finalmente ordenou que fosse levado pelos irmãos para os bosques próximos. --- Celano, Primeira Vida, 60

Por Ashley McFadden (Imperatrix da Ancient Rosae Crucis)

* [nota do tradutor] A autora parece se equivocar aqui sobre essa questão. Não parece que Francisco tivesse qualquer inspiração nos cátaros, aliás assim como existem dificuldades na compatibilização entre alquimia e gnosticismo, assim também a ideia da criação como agradável a Deus (tão presente em Francisco) é incompatível com a ideia de que a criação seria algo mau (como era para os cátaros). Além do mais, não parece consistente a ideia de que o ganancioso pai de Francisco pudesse ter qualquer relação com uma seita extremamente ascética. No meu entender, essa parte do texto deve ser desconsiderada. Sugestão de leitura sobre: http://brasilfranciscano.blogspot.com.br/2010/03/francisco-de-assis-era-cataro.html

Traduzido por: Morôni Azevedo de Vasconcellos

Clique aqui para ler a parte II

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

A Oração de Willermoz


Verdade Eterna, Tu me cercas com Teus raios, mas  as sombras escuras de minha alma elevam-se sem cessar e me impedem de dirigir os olhos para Ti. Todos os dias, às tardes e à meia-noite, às manhãs e ao meio-dia, Te invoco com ardor. Meus esforços são vãos e inúteis. O espesso véu de minhas afeições materiais afasta minha vista de Tua Luz. As imagens dos objetos aos quais enteguei meus sentidos colocam-se entre Tua ação benfeitora e os débeis esforços de minha vontade; elas me apartam do caminho e me levam pelo das ilusões enganadoras. Tu me escapas, e perco a esperança de chegar a Ti.

Oh Verdade, sem a qual meu ser não é nada, nunca deixarei de Te invocar. Até que tenhas escutado meu desejo, meus desejos serão minha única existência. Escuta minha voz vem ao socorro daquele que Te chama com tanto ardor. Renuncio aos objetos sensíveis; é a Ti somente que quero amar e sempre contemplar como a minha única vida. Pois Tu és a vida do homem, e sei, com clareza, que meu destino é viver para sempre em Ti e por Ti.

Então, onde posso encontrar a ciência e a sabedoria? Passei dias e noites na busca e nas meditações e, contudo, pergunto-me onde está escondida. O homem está muito distante de conhecê-la e de saber seu preço.

Não está nem nas profundezas do mar, nem nas profundidades da terra. Onde está, então, essa sabedoria e inteligência? Onde poderei encontrá-la?

Consultei a todos os seres vivos; ninguém ainda a percebeu, e vi que não a possuem... Somente Deus conhece o caminho que conduz a ela; apenas Ele sabe onde ela está. Quando Ele deu as leis a todos os seres, quando submeteu às suas ordens os ventos e as tormentas, e quando dirigiu relâmpago dentro da rota que lhe foi imposta, a frente estava a Sabedoria. "Então, disse o homem: Não encontrarás a ciência nem a inteligência, senão no temor a Deus".

Jean-Baptiste de Willermoz - Meus pensamentos e os dos demais
Retirado do livro: https://www.clubedeautores.com.br/book/225297--O_Homem_Deus__Tratado_das_Duas_Naturezas__Jean_Baptiste_Willermoz#.WbMR8bJ97IU

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

São Francisco de Assis (Parte II)

"Ceder é para ser preservado inteiro, ser curvado é tornar-se reto, estar vazio é ser cheio.
Estar cansado é ser renovado, ter pouco é possuir." Lao Tsé

Impactado com um vislumbre de sua Senhora Pobreza que encheu seu coração de amor, Francisco era um homem novo, mas que homem? Ele entrou em um momento ambíguo, tentando entender sua nova identidade, e ele não recebeu um manual dizendo como ser um santo. Francisco teve que procurar o significado escondido nas novas voltas que sua vida estava tomando, esperando que ele fosse guiado novamente.

Tudo mudou. Embora por um tempo ele ainda trabalhasse na loja de seu pai, ele não cantava como antes. Ele já não olhava a janela para que seus amigos apareçam e o convidem para uma noite de diversão. Ele orou agora, em vez disso, estava em silêncio e usava roupas mais simples. Sua mãe, Pica, que sempre viu o divino em seu filho, favorito parecia entender. Pietro ficou impaciente com as maneiras estranhas e excêntricas de seu filho, mas pelo menos ele não gastou tanto dinheiro quanto antes, o pai assegurou-se colocando Francisco em um orçamento apertado.

No entanto, Francisco, que sempre deu esmola aos mendigos, agora, se não tiver dinheiro, tira seu casaco, chapéu ou cinto e dá o que quer que ele tenha. Ele colocou a mesa de refeição com mais comida, pois precisava que houvessem mais sobras para dar aos famintos quando imploravam na porta da frente. Lentamente, o amor dos pobres cresceu em seu coração e um estranho segredo começou a crescer dentro dele. Mas, ele não tinha ninguém para entender.

É dito, neste momento, que Francisco conheceu um amigo e ninguém conhece a identidade desta pessoa misteriosa, mas ele ouviu e andou com Francisco através do bosque e ficou de guarda enquanto Francisco meditava em uma caverna como para protegê-lo do mundo.

Durante estes dias, Francisco orou e chorou de forma tão profunda que pode ser difícil para nós compreender, pois os santos, devemos admitir, são diferentes de muitos de nós. E como sugere Green, alguém deve ser um santo para entender um santo. Além disso, foi o caráter de Francisco que experimentou suas relações com a vida, do criativo ao celestial, na dimensão mais profunda imaginável. Em suma, Francisco foi "através do inferno" nestes dias, seu coração queimando por seus erros passados, e ele sofreu com medo de que ele voltasse a essas maneiras. Ele reapareceria da caverna despedaçada, seu rosto devastado com tristeza e remorso, seus olhos inundados de agonia, quase não conseguindo mais lembranças de um passado que o encheu de um horror nauseante.

Mas um dia, Francis saiu da caverna. Seu confidente esperou e viu um novo rosto aparecer, lavado em graça, sorrindo na alegria de um coração rendido. O amante das vaidades mundanas, o pecador, agora emergiu como o maior amante do mundo.

Francisco começou a entender o que ele devia fazer. Ele se apaixonou por Deus, e ele se apaixonou pela pobreza, sua senhora. É importante considerar o que Francis quis dizer com a pobreza. Não é apenas estar sem as armadilhas materiais, o ouro e a prata, mas também é um estado espiritual, empobrecido de todos os medos e encargos que nos pesam do alto da montanha e nos fazem temer sobre o amanhã; tão desconfiados do amor divino. É um estado de fome disposto que deseja apenas o que Deus está disposto a dar.

Embora não seja um religioso, Francisco entendeu Mateus que disse: "Bem-aventurados os pobres em espírito, o reino dos céus é deles". Ele partiu para estar entre os pobres no reino do amor, onde o rosto de Deus se mostra em todos os lugares e através de todos. Ele falou de alegria e celebração, querendo revelar esse novo amor encontrado e ficou tão ofuscado por uma intensidade de intensidade, que às vezes ele pensava que ele teria que se jogar no chão e tirar o excesso. As pessoas da cidade começaram a achá-lo bravo. Mas quando se apaixonou loucamente pelo amor, amado por Deus, o mundo é loucura.

Em momentos de dúvida, Francisco tentava resolver isso, perguntando-se enquanto caminhava na bela paisagem que tanto amava, se talvez ele pudesse viver duas vidas, uma no mundo e outra em Deus; mas Francisco era uma pessoa extrema e fazia tudo de todo o coração. Parou em cima de uma igreja velha que estava em ruínas, São Damião. A orientação estava esperando por ele de novo. Um crucifixo estava sobre o altar, a figura de Cristo pendurada ali: solitária, sozinha, esperando por Francisco que imediatamente caiu de joelhos. Francisco tinha visto milhares de cruzes em sua vida, mas agora ele viu a crucificação pela primeira vez, e seu coração despedaçado pelo sofrimento que se comunicava com ele naquele momento. Os lábios começaram a se mover e falar com Francisco, e ele ficou aterrorizado com a ocorrência. Três vezes a voz disse: "Francisco, vá e reconstrua minha casa, que, como você vê, está caindo em ruína". Francisco estava dominado pelo refluxo tangível e fluxo de amor trocado entre os dois, sozinho em uma igreja arruinada, e caiu em um grande êxtase pelo poder das palavras. (São Boaventura, 18)


Francisco interpretou isso como o reparo da ruína de São Damião. No entanto, como veremos mais adiante, a tarefa de Francisco foi muito maior. No momento, no entanto, ele tomou as instruções literalmente e começou a busca para reconstruir esta capela. Ele tinha sido comandado, o divino se revelou, e Francisco estava extasiado. No entanto, ele seria submetido a outro teste.

Francisco, o adorador da beleza, ainda tinha dentro dele a inclinação para a estética e o bem, e as tentações de sua vida adiantada ainda o perseguiam com sua memória. Um dia, ele estava andando de cavalo pelo campo, quando ouviu o sino de um leproso. A seca e a fome ainda encheram a terra e milhares de mendigos e leprosos seguiram as estradas, o fedor de seu cheiro sujo encheu o ar e as feridas e úlceras na pele mudariam o estômago mais forte.

Francisco sempre foi repelido pelo cheiro de mendigos, os insetos rastejando sobre eles e ele lembrou o pobre homem que ele havia desviado uma vez. O leproso aproximou-se e Francisco sentiu uma repulsa, mas então ele foi dominado por um súbito impulso, saltou de seu cavalo e foi ao leproso, cujo rosto inteiro era uma ferida nojenta. Francis pegou a mão do homem e com a boca uma vez enjoada, colocou os lábios sobre a carne apodrecida do leproso e beijou suas feridas. (Green, 72-75)

O leproso desapareceu e Francisco começou a cantar. Ele beijou o que desprezou uma vez, abraçou o que temia, achou o Divino novamente no mais putrefato. Ele viu que o rosto de Deus mudará, permanecerá insensível para nós, até que percebamos que, onde não há amor, não podemos contemplar Deus.

Agora a fé e a esperança se transformaram em ação. Francisco precisava de dinheiro para reconstruir a igreja. Seu pai estava convenientemente afastado, e Francisco serviu-se de tecidos na loja e vendeu-os juntamente com o cavalo de seu pai. Francisco deu o dinheiro ao padre que residia na capela, mas o padre hesitou em levá-lo, sabendo de onde veio o dinheiro. Ele estava certo em se preocupar.

Pietro estava irritado, pelo menos, quando soube do roubo de seus bens, e ele partiu para encontrar seu filho lunático. Francisco se escondeu por muito tempo em sua gruta, encarando o medo de seu pai e sabendo que ele estava sendo covarde. Ele lembrou a capacidade da raiva de seu pai e demorou um pouco a passar por sua hora de medo. Eventualmente, Francisco decidiu encarar a música e voltar para a cidade, trajando trapos de mendigo, devastado de fome, sem olhar para tudo como a criança mimada de sua juventude. Ele foi encontrado com insultos e os habitantes da cidade jogaram lama e rochas nele. Francisco entrou em uma oração silenciosa.

Esse insulto público era pior do que os bens roubados e Pietro estava fora de si mesmo em uma raiva incontrolável. Ele arrastou Francisco pelo cabelo, voltou para a casa, bateu-o em uma polpa e acorrentou-o em um armário. Então Pietro apresentou uma reclamação com os cônsules pelo retorno do dinheiro e renunciou a seu filho como herdeiro. Francisco apareceu antes do bispo na praça da cidade, espectadores por todas as partes, e ainda com um toque de teatro, ele tirou todas as roupas e ficou nu diante da cidade, exceto por uma fina túnica feita de crina de cavalo. Ele disse a Pietro Bernardone que ele não era mais seu pai, por arte de seu Pai no Céu e com isso, deu a Pietro as roupas de suas costas. Este foi um ato legal e o gesto deixou claro que Francisco nunca teria nada em seu nome e deveria viver doravante com os pobres e deserdados.

O bispo foi levado às lágrimas ao ver este homem se dar nu, em um segundo nascimento, a Deus. O Bispo deu a Francisco a capa e, com esse gesto de envolvimento, a Igreja abraçou um dos seus melhores filhos. Mais tarde, Francisco trocou a capa por uma túnica e na frente, ele traçou uma cruz com um pedaço de giz.

Ele se despediu de sua família para sempre e partiu para a floresta cantando a felicidade do coração tão alto quanto podia. Ele era um servo de Deus, explodindo de alegria. Não ocorreu a Francisco tornar-se religioso ou se juntar às muitas ordens disponíveis, ele simplesmente queria dizer ao mundo seu amor pela Dama Pobreza. Ele continuou a cantar ao longo da estrada empoeirada, seguindo uma fuga de luz antes dele quando ele foi parado por uma banda de assaltantes. Estavam bastante bravos de que ele não tivesse nada para ser roubado e exigiram sua identidade. "Eu sou o arauto do Grande Rei!" Francisco respondeu. Os ladrões perversamente agrediam Francisco e jogaram-no em uma vala: "Fique aqui, o arauto de Deus!" Eles cuspiram e o deixaram sangrar na neve.

Francisco, fraco de fome, puxado para fora do barranco depois de terem ido, afastou-se e começou a cantar ainda mais alto do que antes. Ele foi feliz na profunda renúncia de todo o consolo mundano e, até certo ponto, que ele teve efeito, usar as palavras de Gandhi, "se fez zero". Ele estava livre.

A Dama Pobreza fala - Sacrum Commercium 25

"Fui uma vez no paraíso do meu Deus, onde as pessoas caminhavam nuas, de fato, andei nelas e com elas na nudez pelo paraíso mais esplêndido, não temendo nada, não duvidando de nada e não suspeitando de nenhum mal. Pensava que eu iria estar com eles para sempre, pois o Altíssimo criou-os justos, bons e sábios e colocou-os nesse lugar agradável e bonito. Eu me alegrava demais e jogava diante deles o tempo todo, por não possuírem nada, pertenciam inteiramente a Deus ". (Bodo, M. Year, 48)

Armstrong, Brady, Francis and Clare, Paulist Press, 1982.

(São Boaventura) St. Bonaventure, The Life of St. Francis, Tan Books, 1988.

Bodo, M. Francis, the Journey and the Dream, St. Anthony Press, 1972

Bodo, M. Through the Year with Francis of Assisi, St. Anthony Press, 1993

Englebert, O. St. Francis of Assisi, Servant Books, 1965

Flinders, C. Enduring Grace, Harpers, 1993

Green, J. God's Fool, Harper and Row, 1983

Por Ashley McFadden (Imperatrix da Ancient Rosae Crucis)
Disponível em: http://www.neue-rosenkreuzer.de/quellen/www.arcgl.org/francis2.html

Clique aqui para ler a parte I
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Traduzido por: Morôni Azevedo de Vasconcellos

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

São Francisco de Assis (Parte I)

Embora São Francisco de Assis não fosse um Rosacruz, ele certamente foi um místico que deixou uma marca tremenda há cerca de 800 anos, e hoje é amado por pessoas de muitas religiões e crenças. Afinal, um místico é um místico e São Francisco tem muito para ensinar a todos nós.

Quando olhamos para os místicos de tempos anteriores, encontraremos no Ocidente muitos que eram grandes místicos da Igreja. Esse era o ambiente deles. Independentemente dos seus antecedentes religiosos, se houver, ou quaisquer preconceitos, peço-lhe para colocá-los de lado e ouvir a vida e as palavras deste homem gentil para que você também seja tocado por sua amável alma.

Francisco nasceu em Assis em 1181 ou 1182. O pai, um comerciante de roupas, estava ausente na França, enquanto a esposa, Pica, deu à luz. Como era costume do tempo, nenhum peregrino foi mandado embora no momento do nascimento. Um homem velho apareceu, mas não ficou satisfeito com uma mera asa de frango; Ele queria ver a criança e, de fato, ele segurou o recém-nascido e declarou que neste dia dois meninos haviam nascido em Assis: um se tornaria o melhor dos homens e o outro entre os piores. Poderia ter sido dois homens separados, ou esta estranha profecia era sobre o homem carnal e espiritual conhecido como Francisco?

Originalmente, batizado Giovanni, o menino foi renomeado Francisco, o "francês" ao retorno do pai, Pietro Bernardone, que ficou fascinado por todas as coisas que eram francesas e depois ensinou seu filho a falar a língua.

Francisco nasceu em um tempo indulgente e modas incomuns foram incorporadas na vida italiana. As crianças foram criadas em uma atmosfera de permissividade e sensualidade e foram encorajadas a seguir esta direção de todo o coração e a não perderem um bocado de prazer. Também era comum, neste momento, algumas festividades da Igreja, como a que durou várias semanas chamada liberdades de dezembro, perdendo a mão e tornando-se um bacanal. As festas freqüentemente se espalharam pelas igrejas e pelas ruas, e homens, mulheres, crianças e clérigos mais ou menos deram seus apetites. Esta foi a Itália medieval em que Francisco nasceu e cresceu, e em que medida isso o afetou é o que qualquer um pode pensar; Mas tornou-se evidente mais tarde em sua vida que ele tinha uma atitude severa em relação aos pecados sexuais.

O ambiente em que Francisco cresceu foi um tempo de Cruzadas, revoltas provinciais, divisões de classe, fome, mendigos e leprosos. Seu pai, rico comerciante e proprietário da terra, criou seu filho para assumir um dia os negócios. Francisco nunca esteve sem dinheiro que ele generosamente compartilhou com outros e livremente jogado para mendigos. Ele era um jovem divertido e amoroso, o líder do grupo de jovens, dançando e cantando através das retorcidas ruas labirínticas de Assis, mimado por seus pais, vestindo as melhores roupas e destinado a uma vida de luxo e prazer. Ele tinha tudo isso.

Francis encantou as damas com sua delicadeza, entretendo todos com sua inteligência e amor pela vida; Ele cantou canções em francês à moda dos trovadores que ele admirava e para o deleite de todos, e sua intuição e inteligência afiada, maneira cortês lhe deram todas as características necessárias para se tornar um empresário de primeira classe. Seu pai estava orgulhoso.

Francisco era um festeiro inveterado. De acordo com muitas opiniões, ele estava avançado na arte da frivolidade e apanhado nos turbilhões do prazer. Alguns até sugerem que ele inventou o conceito de vinho, mulheres e canções. Celano, o primeiro biógrafo de Francis, diz que Francisco desperdiçou sua vida até os vinte e cinco anos, superando seus amigos de loucura e tornou-se o líder de um exército perverso de jovens que dançavam nas ruas da Babilônia. (Englebert, 17)

Outros biógrafos, como São Boaventura, afirmam que, embora Francisco tenha tido um talento para se divertir, ele nunca se entregou às seduções da carne e que ele não era corrupto ou corrompedor, que seu amor por tudo a sua volta era de um nobre coração e que nada vulgar já veio de sua boca. Outros dizem que, embora ele fosse o líder da juventude festeira, ele parecia fazer festa de um ponto de vista separado. Então, o que temos é uma diversidade de opiniões sobre essa questão; Todos concordam que estavam lá as tentações da carne, mas em que medida Francisco se entregou a isso, ninguém sabe com certeza. Documentos perturbadores que indicam que o passado foi queimado em 1263 e, de acordo com Julien Green, é assim que os santos de gesso são feitos (embora, como descobriremos, Francisco não era santo de gesso), e Green cita o próprio santo dizendo: "Eu vivi no pecado . Não me canonize muito cedo. Sou perfeitamente capaz de criar uma criança." (Green, 52)


A capacidade de amor de Francisco sempre foi aparente, bem como sua generosidade e humor. Ele encantou todos com sua sensação de diversão, deleite e um sorriso cheio de alegria. Ele deu dinheiro livremente, seus bolsos sempre cheios, e o próprio dinheiro não significava muito para ele. Ele riu, cantou e, em geral, teve um bom tempo com a vida, encontrando alegria em todas as coisas, pessoas e natureza. Um dia, no entanto, ele estava na loja quando um mendigo entrou e pediu esmola pelo amor de Deus. Francisco era estético e não conseguia suportar a feiura, e com uma não usual falta de generosidade, ele despediu o mendigo, recusando-o e voltou às finas sedas que ele desenrolou diante dos clientes. Então sua consciência o atingiu com força quando ele percebeu que, se o mendigo tivesse parecido mais atraente e tivesse pedido esmolas em nome de um conde, ele poderia ter dado o dinheiro. Francis perseguiu o mendigo e encheu as mãos do pobre com todas as moedas que ele possuía. Francisco prometeu a si mesmo nunca mais rejeitar um pedido "pelo amor de Deus". O que vemos aqui é o amanhecer de um futuro santo cujo coração macio deslumbrará o mundo com seu ideal de pobreza evangélica e seu compromisso total com o amor de Deus.

Francisco sempre sentiu que ele estava destinado a grandeza. Ele pensou que, no início, era através da cavalgadura, cavalheirismo e marchar para guerras com uma armadura pesada demais para o seu corpo frágil e magro. Ele tentou essa abordagem, indo para uma guerra que explodiu em Perugia em 1200. Deixando Assis, logo ele se viu preso e jogado na prisão junto com outros jovens que apenas alguns dias antes pensavam que a vida era prazer e diversão. Foi um despertar áspero no fundo frio e frio de uma masmorra.

Francisco teve problemas de saúde desde a infância e deve ter sofrido muito com o resfriado contundente, e ainda assim ele ficou alegre apesar das correntes em torno de seus tornozelos e pulsos. Os outros ficaram irritados com o seu bom humor em circunstâncias tão horríveis e perguntaram por que ele estava tão feliz. Celano diz que sua resposta foi a seguinte: "Eu me alegro porque algum dia eu serei venerado como um santo em todo o mundo". Isso dos lábios de um homem que até este ponto não tinha vivido uma vida santa, mas mostra a conversão que vem sobre ele em jorros e começos súbitos. Após um ano de prisão, Francisco, que ficou extremamente doente, foi libertado e voltou para casa aos vinte e dois anos. Sua juventude se foi.

Francisco não experimentaria sua conversão até a idade de vinte e seis anos, e assim ele teve alguns anos para manter Deus esperando. Ele se recuperou de seu cativeiro sob constante cuidado e, quando estava bem, sonhava ainda com a glória militar e o cavalheirismo. Ele conseguiu gastar o dinheiro de seu pai na pesada armadura, cavalo e toda a parafernália necessária para uma grande partida em honra da cristandade e da quarta cruzada. Mal conseguiu ficar de pé sob a armadura pesada, ele pegou a estrada. Foi uma curta jornada. Numa noite, uma voz veio a ele lhe dizer que voltasse para casa onde ele nasceu e que lhe diria mais tarde o que fazer.

E, assim, fez Francisco quando a voz o instruiu e voltou para casa com a armadura intacta, para o desânimo de seu pai e as fofocas da cidade que sussurravam que ele era um covarde. Mas Francisco atendeu a palavra de Deus, vendeu a armadura e o cavalo e esperou mais orientação.

Francisco ainda sentia a força da juventude nele, seus bolsos ainda estavam tilintando com o dinheiro, sua voz cheia de canção e ele decidiu fazer uma grande festa para seus amigos. Eles comeram ao ponto de gula e Francisco com o bastão do tolo em sua mão era o rei da festa. Mas de repente ele parou, retirou-se e a festa continuou sem ele, e Francisco foi atraído para uma oração.

Seus amigos bêbados o encontraram algum tempo depois no meio da rua, seus olhos admirando a luz da lua. Eles viram seu rosto ter mudado e provocado ele que ele tinha sido atingido pelo amor de uma bela dama. "Francisco está apaixonado, Francisco está apaixonado", eles brincavam com gestos apropriados. Francisco disse, sim, ele estava e que tinha visto a mais bela mulher de todos: a sua noiva. Ela finalmente alcançou Francisco, o encheu do poder de seu amor e ternura e naquele momento, Deus ganhou. Francisco ainda não conhecia o caminho à frente, mas o objeto de seu amor profundo que sempre esteve com ele desde o dia de seu nascimento, mudou, neste momento, para sempre.

Francisco tinha ficado sob o feitiço de sua senhora, simbólica do pobre Cristo, Lady Pobreza e naquele momento do raio, sabia que servi-la era todo o seu desejo. "Lady Pobreza, o símbolo dos paradoxos no Evangelho: a riqueza na pobreza, a vida na morte, a força na fraqueza, a beleza no sórdido, a paz em conflito e tentação, a plenitude no vazio e, sobretudo, o amor no desapego e a privação. duro, suave e tudo difícil, fácil ... se ele desse a Lady Pobreza sua necessidade de amor, ela o dava de volta". (Bodo, 16)

As festas acabaram, as festas cansaram. Por enquanto, nada interessaria para Francisco, exceto Deus.

(continua)

Das vinte e oito Admoestações, ditadas por São Francisco:

XXVII Como a virtude afasta o vício

1. Onde há caridade e sabedoria, não há medo nem ignorância. 2. Onde há paciência e humildade, não há raiva nem perturbação. 3. Onde há pobreza com alegria, não há avareza nem avareza. 4. Onde há paz interior e meditação, não há ansiedade nem dissipação. 5. Onde há temor do Senhor para guardar a casa (cf. Lc 11:21), o inimigo não pode entrar. 6. Onde há misericórdia e discernimento, não há excesso nem dureza de coração.

(Armstrong, Brady, 35)

Por Ashley McFadden (Imperatrix da Ancient Rosae Crucis)
Disponível em: http://www.neue-rosenkreuzer.de/quellen/www.arcgl.org/francis1.html
Traduzido por: Morôni Azevedo de Vasconcellos